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MAR
11
11 MAR 2016
Historia Dominguinho da Pedra!
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O HOMEM DE ITAMBÉ

DOMINGUINHOS DA PEDRA

Dominguinhos da Pedra se revelou como ser “pré-histórico moderno”. Domingos Albino Ferreira, aos 79 anos de idade, 42 como eremita, sua noção de justiça social, integridade no trato da causa pública e amor ao próximo eram exemplares, apesar de declarar-se ateu. Também seus costumes se assemelhavam aos do ser pré-histórico: não usava sabonete nem dentifrício, e se valia muito pouco de água. Na verdade, o ermitão, durante todo esse tempo de isolamento radical do mundo, não tomava um bom banho.

O que fez e fazia o Homem de Itambé viver debaixo de pedras?

Como ele se alimentava, como convivia com pessoas e bichos, como dormia? O que pensava do mundo, dos governos, do político e da vida? Por que Deus não existia, na concepção de Dominguinhos.

São as perguntas mais freqüentes que todos queriam fazer ao Dominguinhos.

Residindo sempre no mesmo local (dez quilômetros de Itambé do Mato Dentro, na estrada para Morro do Pilar e Santo Antônio do Rio Abaixo) ele simplesmente se aproximava para falar com qualquer um que o procurasse, desinibidamente e já tinha se acostumado com visitas.

Popular, muito falado e com notoriedade regional. A existência de singular ser humano se incorporou á história de Itambé. O prefeito José Elísio de Oliveira Duarte o destaca tão importante quanto foi Juquinha para a Serra do Cipó, e Carlos Drummond de Andrade para Itabira.

Personalidade Diferente- Quem desejava manter contato com o Homem de Itambé deveria saber, de antemão, que ele era irrequieto falador e fazia perguntas sem parar. Essa poderia ser uma estratégia para não dar espaço a alguém de argüir, ou para simplesmente informar-se sobre o que se passava no mundo, já que não ouvia rádio e não via televisão. Em bate-papos com ele você com certeza iria ouvir “seu Lula é a esperança do Brasil pra trazer a riqueza pra todo mundo”. Em temas dessa natureza, falando generalizadamente, Dominguinhos saia-se relativamente bem. Apesar de afirmar que Eurico Gaspar Dutra, presidente da república de 1946 a 1951, foi o antecessor imediato do Ex-chefe de estado brasileiro (Lula). “Deveria “ser a memória, pouco exercitada, que sofreu espécie de” brancura”. Educado e solícito, Dominguinhos não mais tinha medo das pessoas, como não tinha de bichos. Contava que duas onças – uma amarela e outra pintada, além de várias cobras, soins, ouriços-cacheiros e pássaros de diversas espécies faziam sua companhia sempre.

“Não tenho medo de onça porque ela tem mais medo de mim”, afirmava, ilustrando os miados que ouvia quase todos os dias. Confessava o seu ponto fraco: a única coisa de que tinha medo na vida era de polícia. Por que seria? Aí, voltava suas lembranças aos tempos em que trabalhava em fazendas e maltratava animais. “Foi preso cinco vezes, quatro em Itabira e uma vez em Santa Maria”, confessava.

Dominguinhos dizia que tinha cinco irmãos, “que estavam por aí”, com exceção do quarto, José, morto há algum tempo. E declina os nomes dos filhos de José Ferreira de Araújo e Maria Albina da Costa: Antônio, Maria, Antônia, Geraldo e ele, o caçula da turma.

Nascido em Dom Joaquim, Domingos foi registrado em Passabém um ano mais novo- tem 79 anos e não, como está anotado em sua carteira de trabalho, 78. O motivo do novo registro foi conquista da aposentadoria há cerca de dez anos. Houve equívocos.

Conservador ao extremo, Dominguinhos ficou na região de Dom Joaquim por bom tempo, até que resolveu tentar a sorte em São Paulo, em épocas em que não havia violência. Na “terra da garoa”, trabalhou em ferro-velho, depois em venda de pipoca.

Exímio “balaieiro”, como definia sua antiga profissão, mudou-se para Mato Grosso para trabalhar no ramo. Afirmava que confeccionava até dez balaios por dia, atendendo a encomendas de carvoarias. Mas em pouco tempo cansou-se da vida longa de sua região e, no início dos anos 60, retornou a Minas, passando a residir em fazendas nas proximidades de Itambé do Mato Dentro. Numa delas, deu com os burros n’água: apaixonou-se por uma filha de fazendeiro rico e não teve a esperada reciprocidade amorosa. Em sinal de protesto, e para demonstrar a grandeza da paixão, resolveu se isolar do mundo: passou a viver debaixo de pedras.

Com o passar do tempo, a idade avançando, amigos resolveram cuidar de sua aposentadoria. Continuou dependente de terceiros para todas as tarefas a serem feitas na cidade, e numa delas, para que seu pagamento lhe chegasse ás mãos, sempre teve um procurador. Contava com simplicidade que pagava a um rapaz, conhecido como Geraldinho, para buscar seu salario em Passabém, todo mês. Como garantia de que teria tocas disponíveis para morar, comprou em 2006 uma lapa nas proximidades onde morava, mas não recebeu documento algum, nem tomou posse do terreno. Preferiu ficar no lugar onde morava há mais de 20 anos, cedido por João Fernandes, de São Sebastião do Rio Preto.

Domingos estava doente? Ele próprio tinha convicção que sim. Afirmava “Eu tinha diabete (sic), que peguei de meu ex-patrão (garantia que a doença era contagiosa), mas afirmava que no momento estava com canço (câncer)”, mostrava a barba, dizendo que coçava muito. Deveria ser sujeira, concluiu qualquer entendido.

De suas características notáveis, nele se destacavam os sensos de hospitalidade e de justiça. Fizeram uma brincadeira com ele dizendo que o Presidente Lula poderia visitá-lo, ficou preocupado com o que lhe daria de presente. Sugerirão o violão que de pronto respondeu sem surpresa: “ Se ele quisé o violão, sou obrigado a dá, né, uai!”. Mas sobre o que pediria ao “ seu Lula”, descartou logo qualquer pretensão: “Tem muita gente que pricisa, e ele já faz muito em pagá a minha aposentadoria; num quero nada!”.

Jamais passava pela sua cabeça a corrupção em governos, aos quais dá a tarefa de também manter a paz. “O presidente é obrigado a evitar a guerra e fazer os pagamentos dos aposentados como eu”. “ Roubá? Isso é coisa só para pobre”, atacou. Mas garante também que há muitos pobres honestos, os resistentes. “Rico num pricisa de mais nada”, assim pensava o “pré-histórico” Domingos.

Espécie Raro - Qualquer historiador que queria se aprimorar no estudo das espécies humanas poderia encontrar em Domingos Albino Ferreira um laboratório ideal. Seja no aspecto costumes, seja na vida isolada, seja na filosofia que adota para levar seus dias, o eremita demonstra estar parado no tempo, embora transparecia lucidez quanto ao que é constantemente abordado pelos visitantes sobre o que ocorria no mundo.

Se Charles Darwin tivesse vivo naquela época, com certeza o visitaria para dar prosseguimento ao seu estudo evolucionista, e talvez desistisse de sustentar a tese da seleção natural, porque de macaco só notaria nele a esperteza de pular de pedra em pedra.

Dominguinhos tem características do Australopitlecus, que teria habitado o planeta há mais de dez milhões de anos, dono de conhecimentos profundos do meio em que vive.

Ele é também o Homo Eretus, cujos membros inferiores, coxa, cintura pélvica e cabeça são perfeitamente adaptados ao andar em postura ereta. O cérebro, em momentos notáveis, mostra um desenvolvimento maior; a grande conquista do primata, o uso do fogo, é feito com fósforo ou isqueiro pelo moderno hominídeo. “Se fartá isqueiro e fosfo, posso batê uma pedra na outra pra cendê meu foquinho”, ensina.

O Homo Sapiens, de 200 mil ano passado, assemelhava-se também a Dominguinhos pela grande capacidade de pensar do Itambeense, à maneira do homem rústico que viveu na Ásia, África e outras regiões.

O homem de Neanderthal, com certeza, não se banhava nem usava roupas pesadas. Neste aspecto, ele se iguala a Dominguinhos, que detesta água, apesar de armazenar vasilhas cheias, umas dependuradas e outras amontoadas em toda a sua caverna. O banho de Dominguinhos- ele é quem contava era feito com pouquíssima água, muito quente, que ele passava superficialmente no lugar em que percebia estar sujo, mensalmente.

Do Paleolítico, período mais remoto da pré-história humana, ao Neolítico, quando a agricultura se desenvolveu junto ao criatório de animais e fixava o homem em locais próprios, muitas características podiam ser claramente vistas no Homem de Itambé.



O HOMEM DE ITAMBÈ

Nasceu em 07 de janeiro de 1923, mas seus documentos indicavam 1924. Faleceu em 28 de janeiro de 2011. Viveu na região de Dom Joaquim, São Paulo, Mato Grosso e Itambé do Mato Dentro. Morava em uma caverna, onde mantinha todos os seus utensílios e alimentos pendurados no teto da caverna para segundo ele “evitar os animais” Possuía um violão com apenas duas cordas onde tentava tirar algumas canções para mostrar aos visitantes (ele não cantava bem, nem tão pouco sabia tocar o violão). Tinha o rosto fino e pequeno, cérebro também pequeno, barbas densas, mãos e pés resistentes. O crânio era pontiagudo, em forma de pirâmide horizontal. Dizia que não tinha contato com mulheres há mais de 50 anos e que não tinha filho algum. Era dócil, dedutivo, perguntador, inteligente, educado e convicto em suas crenças. Vivia em cavernas, usava roupas rasgadas (molambo), tinha ferramentas para cortar lenha e não tinha armas. Era o único da região que mantinha as características do homem primitivo. Usava pouca água para se banhar. Nunca aprendeu a ler e escrever; portanto era analfabeto. Confeccionava balaios para uso em carvoarias e coletava ferro-velho. Só se relacionou sexualmente em prostíbulos em São Paulo e nunca pensou em ter filhos. Falava o português e se comunica com certa dificuldade. Alimentava-se de arroz, feijão, ovos, verduras e frutas, ingerindo pouca carne. Fazia a unha usando facão. Mesmo convivendo com a civilização, manteve a mente semelhante à do homem da Pré-História.

PALAVRAS DO HOMEM DE ITAMBÉ

“Eu carrego água lá de baixo, meia légua de distancia ribanceira acima e lavo o rosto de três em três dias, mas só uso água quente, água fria mata”.

“Eu não posso apará barba mais.

Eu tô com uma doença que os médicos falam que é diabete. Eu tinha pegado essa doença de meu patrão. Em São Paulo. Agora a doença virou canço, tenho o canço no sangue, que faz coçar a barba e dá uma dor fraca ni mim”

“Eu tinha pressão alta e fiquei um ano sem comê, só bebia água e cheguei a comê fruta e pipoca sem sal, mas fiquei um ano no jejum e sarei a pressão arta”.

“Eu era católico, mas virei ateu porque eu não vejo o Deus que queria vê. Só acredito em espirto (espírito). O Remundo da Bermira, que tinha morrido há 16 anos, conversô comigo de dia, numa boa. Eu perguntei pra ele: “Ô Remundo, ocê num morreu?” E ele num respondeu nada, foi imbora, desceno o morro e resmungo. Dispois num vi ele mais”.

“Ah, ocê é parente do Serafim, de São Sebastião? Ele já me curou de uma doença grave”.

“Aqui tem onça, tem cascavel, tem utinga, tem cobra venenosa, tem tudo quanto é bicho, mas eu não tenho medo de nada não, só tenho medo de pulicia, que já me prendeu cinco vez.”

“Pelo que ta aconteceno comigo, sei mo que ta aconteceno no mundo”.

“Eu num priciso de nada dos ôtros não, eu tenho tudo que quiria”.

“Meu dinheiro da aposentadoria dá pra vivê, e só quero nunca perdê esse dinhirim que seu Lula me dá, e se pude aumentá um pouco é bão, mas sei que num vai aumentá não”.

“Não gosto de animá de istimação pruquê às vezes saio e num vorto e a criação passa fome, sofre muito”.

“Inscrevê no computado? O qui é isso? Já vi falá em maquina de iscrevê. Mas num posso iscrevê pruque num sei nem no lápis. Sou anarfabético”.

“Pode vortá com a roupa que ocês trouxe. Se levá os rial, pode deixá aqui a trouxa. Se fô 20 rial, o preço da roupa, pode pegá dez com o Prefeito no Itambé, qui depois eu pago ele. È só falá qui é pra mim que dispois eu pago ele”.

“Ocês mora aonde? O que que ocês faze?

O HOMEM DE ITAMBÉ

DOMINGUINHOS DA PEDRA

Dominguinhos da Pedra se revelou como ser “pré-histórico moderno”. Domingos Albino Ferreira, aos 79 anos de idade, 42 como eremita, sua noção de justiça social, integridade no trato da causa pública e amor ao próximo eram exemplares, apesar de declarar-se ateu. Também seus costumes se assemelhavam aos do ser pré-histórico: não usava sabonete nem dentifrício, e se valia muito pouco de água. Na verdade, o ermitão, durante todo esse tempo de isolamento radical do mundo, não tomava um bom banho.

O que fez e fazia o Homem de Itambé viver debaixo de pedras?

Como ele se alimentava, como convivia com pessoas e bichos, como dormia? O que pensava do mundo, dos governos, do político e da vida? Por que Deus não existia, na concepção de Dominguinhos.

São as perguntas mais freqüentes que todos queriam fazer ao Dominguinhos.

Residindo sempre no mesmo local (dez quilômetros de Itambé do Mato Dentro, na estrada para Morro do Pilar e Santo Antônio do Rio Abaixo) ele simplesmente se aproximava para falar com qualquer um que o procurasse, desinibidamente e já tinha se acostumado com visitas.

Popular, muito falado e com notoriedade regional. A existência de singular ser humano se incorporou á história de Itambé. O prefeito José Elísio de Oliveira Duarte o destaca tão importante quanto foi Juquinha para a Serra do Cipó, e Carlos Drummond de Andrade para Itabira.

Personalidade Diferente- Quem desejava manter contato com o Homem de Itambé deveria saber, de antemão, que ele era irrequieto falador e fazia perguntas sem parar. Essa poderia ser uma estratégia para não dar espaço a alguém de argüir, ou para simplesmente informar-se sobre o que se passava no mundo, já que não ouvia rádio e não via televisão. Em bate-papos com ele você com certeza iria ouvir “seu Lula é a esperança do Brasil pra trazer a riqueza pra todo mundo”. Em temas dessa natureza, falando generalizadamente, Dominguinhos saia-se relativamente bem. Apesar de afirmar que Eurico Gaspar Dutra, presidente da república de 1946 a 1951, foi o antecessor imediato do Ex-chefe de estado brasileiro (Lula). “Deveria “ser a memória, pouco exercitada, que sofreu espécie de” brancura”. Educado e solícito, Dominguinhos não mais tinha medo das pessoas, como não tinha de bichos. Contava que duas onças – uma amarela e outra pintada, além de várias cobras, soins, ouriços-cacheiros e pássaros de diversas espécies faziam sua companhia sempre.

“Não tenho medo de onça porque ela tem mais medo de mim”, afirmava, ilustrando os miados que ouvia quase todos os dias. Confessava o seu ponto fraco: a única coisa de que tinha medo na vida era de polícia. Por que seria? Aí, voltava suas lembranças aos tempos em que trabalhava em fazendas e maltratava animais. “Foi preso cinco vezes, quatro em Itabira e uma vez em Santa Maria”, confessava.

Dominguinhos dizia que tinha cinco irmãos, “que estavam por aí”, com exceção do quarto, José, morto há algum tempo. E declina os nomes dos filhos de José Ferreira de Araújo e Maria Albina da Costa: Antônio, Maria, Antônia, Geraldo e ele, o caçula da turma.

Nascido em Dom Joaquim, Domingos foi registrado em Passabém um ano mais novo- tem 79 anos e não, como está anotado em sua carteira de trabalho, 78. O motivo do novo registro foi conquista da aposentadoria há cerca de dez anos. Houve equívocos.

Conservador ao extremo, Dominguinhos ficou na região de Dom Joaquim por bom tempo, até que resolveu tentar a sorte em São Paulo, em épocas em que não havia violência. Na “terra da garoa”, trabalhou em ferro-velho, depois em venda de pipoca.

Exímio “balaieiro”, como definia sua antiga profissão, mudou-se para Mato Grosso para trabalhar no ramo. Afirmava que confeccionava até dez balaios por dia, atendendo a encomendas de carvoarias. Mas em pouco tempo cansou-se da vida longa de sua região e, no início dos anos 60, retornou a Minas, passando a residir em fazendas nas proximidades de Itambé do Mato Dentro. Numa delas, deu com os burros n’água: apaixonou-se por uma filha de fazendeiro rico e não teve a esperada reciprocidade amorosa. Em sinal de protesto, e para demonstrar a grandeza da paixão, resolveu se isolar do mundo: passou a viver debaixo de pedras.

Com o passar do tempo, a idade avançando, amigos resolveram cuidar de sua aposentadoria. Continuou dependente de terceiros para todas as tarefas a serem feitas na cidade, e numa delas, para que seu pagamento lhe chegasse ás mãos, sempre teve um procurador. Contava com simplicidade que pagava a um rapaz, conhecido como Geraldinho, para buscar seu salario em Passabém, todo mês. Como garantia de que teria tocas disponíveis para morar, comprou em 2006 uma lapa nas proximidades onde morava, mas não recebeu documento algum, nem tomou posse do terreno. Preferiu ficar no lugar onde morava há mais de 20 anos, cedido por João Fernandes, de São Sebastião do Rio Preto.

Domingos estava doente? Ele próprio tinha convicção que sim. Afirmava “Eu tinha diabete (sic), que peguei de meu ex-patrão (garantia que a doença era contagiosa), mas afirmava que no momento estava com canço (câncer)”, mostrava a barba, dizendo que coçava muito. Deveria ser sujeira, concluiu qualquer entendido.

De suas características notáveis, nele se destacavam os sensos de hospitalidade e de justiça. Fizeram uma brincadeira com ele dizendo que o Presidente Lula poderia visitá-lo, ficou preocupado com o que lhe daria de presente. Sugerirão o violão que de pronto respondeu sem surpresa: “ Se ele quisé o violão, sou obrigado a dá, né, uai!”. Mas sobre o que pediria ao “ seu Lula”, descartou logo qualquer pretensão: “Tem muita gente que pricisa, e ele já faz muito em pagá a minha aposentadoria; num quero nada!”.

Jamais passava pela sua cabeça a corrupção em governos, aos quais dá a tarefa de também manter a paz. “O presidente é obrigado a evitar a guerra e fazer os pagamentos dos aposentados como eu”. “ Roubá? Isso é coisa só para pobre”, atacou. Mas garante também que há muitos pobres honestos, os resistentes. “Rico num pricisa de mais nada”, assim pensava o “pré-histórico” Domingos.

Espécie Raro - Qualquer historiador que queria se aprimorar no estudo das espécies humanas poderia encontrar em Domingos Albino Ferreira um laboratório ideal. Seja no aspecto costumes, seja na vida isolada, seja na filosofia que adota para levar seus dias, o eremita demonstra estar parado no tempo, embora transparecia lucidez quanto ao que é constantemente abordado pelos visitantes sobre o que ocorria no mundo.

Se Charles Darwin tivesse vivo naquela época, com certeza o visitaria para dar prosseguimento ao seu estudo evolucionista, e talvez desistisse de sustentar a tese da seleção natural, porque de macaco só notaria nele a esperteza de pular de pedra em pedra.

Dominguinhos tem características do Australopitlecus, que teria habitado o planeta há mais de dez milhões de anos, dono de conhecimentos profundos do meio em que vive.

Ele é também o Homo Eretus, cujos membros inferiores, coxa, cintura pélvica e cabeça são perfeitamente adaptados ao andar em postura ereta. O cérebro, em momentos notáveis, mostra um desenvolvimento maior; a grande conquista do primata, o uso do fogo, é feito com fósforo ou isqueiro pelo moderno hominídeo. “Se fartá isqueiro e fosfo, posso batê uma pedra na outra pra cendê meu foquinho”, ensina.

O Homo Sapiens, de 200 mil ano passado, assemelhava-se também a Dominguinhos pela grande capacidade de pensar do Itambeense, à maneira do homem rústico que viveu na Ásia, África e outras regiões.

O homem de Neanderthal, com certeza, não se banhava nem usava roupas pesadas. Neste aspecto, ele se iguala a Dominguinhos, que detesta água, apesar de armazenar vasilhas cheias, umas dependuradas e outras amontoadas em toda a sua caverna. O banho de Dominguinhos- ele é quem contava era feito com pouquíssima água, muito quente, que ele passava superficialmente no lugar em que percebia estar sujo, mensalmente.

Do Paleolítico, período mais remoto da pré-história humana, ao Neolítico, quando a agricultura se desenvolveu junto ao criatório de animais e fixava o homem em locais próprios, muitas características podiam ser claramente vistas no Homem de Itambé.

O HOMEM DE ITAMBÈ

Nasceu em 07 de janeiro de 1923, mas seus documentos indicavam 1924. Faleceu em 28 de janeiro de 2011. Viveu na região de Dom Joaquim, São Paulo, Mato Grosso e Itambé do Mato Dentro. Morava em uma caverna, onde mantinha todos os seus utensílios e alimentos pendurados no teto da caverna para segundo ele “evitar os animais” Possuía um violão com apenas duas cordas onde tentava tirar algumas canções para mostrar aos visitantes (ele não cantava bem, nem tão pouco sabia tocar o violão). Tinha o rosto fino e pequeno, cérebro também pequeno, barbas densas, mãos e pés resistentes. O crânio era pontiagudo, em forma de pirâmide horizontal. Dizia que não tinha contato com mulheres há mais de 50 anos e que não tinha filho algum. Era dócil, dedutivo, perguntador, inteligente, educado e convicto em suas crenças. Vivia em cavernas, usava roupas rasgadas (molambo), tinha ferramentas para cortar lenha e não tinha armas. Era o único da região que mantinha as características do homem primitivo. Usava pouca água para se banhar. Nunca aprendeu a ler e escrever; portanto era analfabeto. Confeccionava balaios para uso em carvoarias e coletava ferro-velho. Só se relacionou sexualmente em prostíbulos em São Paulo e nunca pensou em ter filhos. Falava o português e se comunica com certa dificuldade. Alimentava-se de arroz, feijão, ovos, verduras e frutas, ingerindo pouca carne. Fazia a unha usando facão. Mesmo convivendo com a civilização, manteve a mente semelhante à do homem da Pré-História.

PALAVRAS DO HOMEM DE ITAMBÉ

“Eu carrego água lá de baixo, meia légua de distancia ribanceira acima e lavo o rosto de três em três dias, mas só uso água quente, água fria mata”.

“Eu não posso apará barba mais.

Eu tô com uma doença que os médicos falam que é diabete. Eu tinha pegado essa doença de meu patrão. Em São Paulo. Agora a doença virou canço, tenho o canço no sangue, que faz coçar a barba e dá uma dor fraca ni mim”

“Eu tinha pressão alta e fiquei um ano sem comê, só bebia água e cheguei a comê fruta e pipoca sem sal, mas fiquei um ano no jejum e sarei a pressão arta”.

“Eu era católico, mas virei ateu porque eu não vejo o Deus que queria vê. Só acredito em espirto (espírito). O Remundo da Bermira, que tinha morrido há 16 anos, conversô comigo de dia, numa boa. Eu perguntei pra ele: “Ô Remundo, ocê num morreu?” E ele num respondeu nada, foi imbora, desceno o morro e resmungo. Dispois num vi ele mais”.

“Ah, ocê é parente do Serafim, de São Sebastião? Ele já me curou de uma doença grave”.

“Aqui tem onça, tem cascavel, tem utinga, tem cobra venenosa, tem tudo quanto é bicho, mas eu não tenho medo de nada não, só tenho medo de pulicia, que já me prendeu cinco vez.”

“Pelo que ta aconteceno comigo, sei mo que ta aconteceno no mundo”.

“Eu num priciso de nada dos ôtros não, eu tenho tudo que quiria”.

“Meu dinheiro da aposentadoria dá pra vivê, e só quero nunca perdê esse dinhirim que seu Lula me dá, e se pude aumentá um pouco é bão, mas sei que num vai aumentá não”.

“Não gosto de animá de istimação pruquê às vezes saio e num vorto e a criação passa fome, sofre muito”.

“Inscrevê no computado? O qui é isso? Já vi falá em maquina de iscrevê. Mas num posso iscrevê pruque num sei nem no lápis. Sou anarfabético”.

“Pode vortá com a roupa que ocês trouxe. Se levá os rial, pode deixá aqui a trouxa. Se fô 20 rial, o preço da roupa, pode pegá dez com o Prefeito no Itambé, qui depois eu pago ele. È só falá qui é pra mim que dispois eu pago ele”.

“Ocês mora aonde? O que que ocês faze?

Fonte: Assessoria de Imprensa

Historia Dominguinho da Pedra.